Quem nunca viu um gato se espreguiçando? Atletas por natureza, esses bichanos são citados por médicos do esporte como mestres na arte do alongamento. Espreguiçam, sem pressa alguma e na medida certa, cada músculo e, após exercícios e brincadeiras prolongadas, voltam invariavelmente para a mesma rotina. Os movimentos suaves e contínuos não só oferecem prazer aos felinos como também os deixam novinhos em folha para novas atividades.
Apesar do exemplo desses exímios professores, para alguns corredores, alongamento ainda é sinônimo de sofrimento.
aumenta a flexibilidade; induz o corpo ao relaxamento; ativa a circulação; melhora a postura e aumenta a atenção.
O benefício do alongamento para o sistema músculo-esquelético consiste, principalmente, na manutenção da amplitude articular. Se ela estiver normal, é possível realizar todas as demandas do dia-a-dia e exigências do esporte.
Quem não alonga tem maior chance de desenvolver alterações articulares, pelo desequilíbrio no comprimento muscular. Mais: os atletas que não mantém o alongamento pelo tempo necessário -30 s a 40 s-, na verdade não dão estímulo apropriado ao músculo. Ou seja, é o mesmo que não alongar.
É bom, mas não previne lesões
Apesar de tantos benefícios propagados, o alongamento ainda gera polêmicas. Mesmo falando a favor da prática, a fisioterapeuta Fabianne lembra: "o que há de mais novo em termos de alongamento poderá parecer chocante: alguns estudos mostraram que não existe relação entre alongamento e prevenção de lesão, ou seja, mesmo fazendo alongamento, o corredor não está livre delas".
Respeitado mundialmente por sua atuação em saúde pública, epidemiologia e doenças infecciosas, o CDC (Centro de Controle de Doenças e Prevenções), em Atlanta, EUA, realizou o estudo "O impacto do alongamento no risco de lesões esportivas: uma revisão sistemática da literatura" Comandada por Stephen Thacker, diretor do CDC, a pesquisa analisou cerca de 350 estudos científicos sobre alongamento e concluiu:
"Não há evidências suficientes que apóiem ou suspendam a rotina de exercícios de alongamento pré e pós-corrida com o intuito de prevenir lesões entre atletas amadores e profissionais."
Há o aumento comprovado da flexibilidade, mas não significa prevenção de lesões. Segundo Thacker, muitas lesões poderiam ser evitadas apenas com aquecimentos e treinamentos adequados.
Mesmo que alongar não proteja das lesões, a maioria dos especialistas ainda aposta nos outros benefícios e indica que antes de iniciar qualquer atividade física, deve-se fazer alongamento e, somente depois o aquecimento (trote ou bicicleta, por exemplo).
Após a atividade, o alongamento é indicado com objetivo de evitar compensações e sobrecargas músculo-esquelética tardias, em virtude de um músculo encurtado.
A fisioterapeuta Fabianne Magalhães Furtado, pós-graduanda do curso de Especialização em Fisioterapia do Aparelho Locomotor no Esporte, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), diz que alongamento ainda é sinônimo de sofrimento na vida de certos atletas. "Nesses casos, a primeira defesa da pessoa é prender a respiração, enquanto que o correto seria respirar, prolongando a fase expiratória simultaneamente ao aumento da intensidade do alongamento", explica.
Para a fisioterapeuta, essa mentalidade deveria mudar, pois o pacote de benefícios é grande. O alongamento reduz tensões musculares, ansiedade, estresse e fadiga
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